A sala do Centro Pastoral Social onde jovens de Travesseiro, no Vale do Taquari, são preparados para a crisma seria como qualquer outra, não fosse por um detalhe: atrás das classes está instalada uma mesa de sinuca.Partiu do pároco da comunidade, Gaspar Goldschmidt, a ideia de utilizar o jogo para aproximar da igreja os adolescentes e jovens da cidade de apenas 2,5 mil habitantes.
Outra mesa foi colocada na garagem da casa paroquial. Aos mais céticos, o padre assegura que a sinuca tem fins religiosos. "O jovem só se envolve com a religião até que é crismado. Depois, se afasta. A sinuca é um atrativo a mais para que ele mantenha a relação com a comunidade", explica.
Uma das mesas o padre adquiriu na troca por uma esteira ergométrica que não utilizava mais. A outra foi comprada por R$ 500 na internet, com economias do próprio pároco.
Durante a semana, descreve, a procura pelos jogos é baixa, porque todos estão ocupados com tarefas da escola. Nas férias, depois da catequese e nos finais de semana, no entanto, as mesas são tão concorridas como as missas dominicais. O padre considera que a atividade é uma maneira de manter os jovens afastados de encrencas e se divertindo em um local de fé: "O que quero é fazer com que eles sintam que o espaço religioso da comunidade é o lugar deles."
O pároco também organiza viagens com o grupo, que o ajuda a rezar as missas e, nos próximos meses, promoverá sessões de cinema para os adolescentes. Outra meta é construir uma sala ao lado do centro comunitário para instalar as duas mesas de sinuca e outros jogos que pretende comprar. Aos 53 anos, o religioso é um padre moderno. Mantém perfil no site de relacionamentos Orkut – onde há inclusive uma comunidade dedicada a ele – e está sempre conectado no MSN.
A identificação com jovens é antiga, como atesta uma placa que ele orgulhosamente prendeu na parede da sala da casa paroquial: uma homenagem assinada pela Juventude de Cuiabá (MT), onde pregava antes de se mudar para Travesseiro, há um ano e meio.
A postura diferenciada gerou críticas no pequeno município em que a única igreja é a comandada pelo padre. Mas mesmo quem é contrário à iniciativa prefere não se indispor com o pároco. Já os adolescentes aprovam a ideia. "A gente adora o padre Gaspar", diz o coroinha Gabriel Henrique Bruxel, 12 anos, que não perde uma missa e é um dos mais assíduos nas mesas de sinuca.
PUBLICADO ORIGINALMENTE NA EDIÇÃO DE 11 DE JUNHO DE 2010 NO JORNAL ZERO HORA
Um comentário:
Opa! Por favor atualize o blog!
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abraço!
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